sexta-feira, 12 de maio de 2017

Raava Graysky

      Drag é arte

       Para Mateus Henrique Sales Santana, Raava Graysky é a tela em branco que ele irá colorir como quiser, sem medo do que irão falar ou fazer. É o estudo do seu interior, do que sempre sentiu, mas nunca conseguiu externar. Segundo ele, Raava sempre esteve dentro dele e só vive por causa dele.
Há 19 anos, nascia ele em Piracicaba. Há um pouco menos de um ano, nascia ela. Mateus conheceu a arte drag pela internet e o reality show RuPaul’s Drag Race, programa norte-americano onde drags testam suas habilidades artísticas, como canto e dança. Entretanto, o interesse em se tornar Raava veio ao conhecer sua grande inspiração: Drama Graysky, que logo se tornaria sua “mãe drag” (base e inspiração para a filha drag iniciante, a mãe ensina truques de maquiagem, dicas de qual estilo seguir, etc.). Segundo Raava, assim que a viu, começou a treinar maquiagem para acompanhá-la nas noites da região piracicabana.
Seu nome surgiu de um desenho, sugerido por conhecidos em uma rede social, e o sobrenome herdado de sua mãe drag. No início de sua carreira como Raava, suas inspirações eram drag queens internacionais, mas com o passar do tempo, Lola Lewinsky – uma pessoa que se monta, mas não se considera drag – se tornou inspiração atual, por possuir uma aparência feminina, traços que Raava segue em sua montagem. Atualmente, Mateus possui o apoio de sua mãe para ser drag e que a experiência, inclusive, aproximou mãe e filho. Ele conta que a mãe empresta roupas e compra maquiagens para trazer Raava à vida.

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      O estilo de Raava é mais feminino (categoria fishy queen), com roupas e maquiagens mais delicadas, marcado pelo batom vermelho e sua peruca preta. Atualmente, trabalha como DJ, hostess e tequileira em festas da região de Piracicaba.
Entretanto, a vida de drag queen nem sempre foi fácil para Mateus, que afirma que os maiores desafios no começo foram a falta de ajuda e suporte, que podem prejudicar o desenvolvimento de uma persona. Outros obstáculos enfrentados são a falta de visibilidade, que dificulta na hora de investir e construir uma carreira profissional como drag.      O preconceito também é uma realidade nas praticantes dessa arte, como seguranças em festas que barram a entrada em banheiros femininos, fato que aconteceu com Raava uma vez. Ela relatou o fato para a produtora da festa que, após outros incidentes com o mesmo profissional, o demitiu. O preconceito também acontece na hora de se envolver amorosamente. Mateus sempre conta sobre Raava logo no começo da conversa e alguns se mostram interessados, outros inclusive relatam o desejo de se montar. Existe também aqueles que interrompem a conversa imediatamente.
      “Aquilo [ser drag] é uma arte e não uma coisa que vai estar ali vinte e quatro horas por dia, sendo assim, ele irá se envolver com uma pessoa que faz drag e não com a maquiagem no rosto dela”.
      Mateus é gay, mas condena o estereótipo que toda drag queen é homossexual, que ele também antes de ingressar no universo drag. Depois de conhecer homens heterossexuais e mulheres que também se montam, percebeu que drag é uma arte e não orientação sexual.

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